Luiz Henrique Ferreira
Romão, de 32 anos, envolvido no desaparecimento e assassinato da modelo
Eliza Samudio, foi condenado a 15 anos de prisão pela participação no
crime. No entanto, ao ser questionado se era preso por ter matado
alguém, Macarrão afirmou: “Não. Eu levei para matar”.
Eliza teve um relacionamento com o ex-goleiro Bruno Fernandes, com quem teve um filho.
Macarrão recebeu a revista Época para conversar em uma conversa na Igreja do Evangelho Quadrangular, em Pará de Minas (MG).
Ele
passou seis anos no presídio de segurança máxima Nelson Hungria, em
Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde ocupava uma
cela individual. Até que, em junho de 2016, foi transferido para a
penitenciária Doutor Pio Canedo, em Pará de Minas. Macarrão recebeu o
benefício de trabalhar durante o dia e voltar à prisão para dormir em
uma cela com outros 17 detentos. Em 2 de março, conseguiu o direito ao
regime aberto por bom comportamento.
“Não sou aquele monstro. Meu
nome não é Macarrão. Eu sou Luiz Henrique. Sempre fui moleque bom,
trabalhador”, afirmou em entrevista à Época.
Ao ser transferido,
Macarrão e a família começaram a frequentar a Igreja do Evangelho
Quadrangular, onde conseguiu uma vaga para trabalhar como zelador. . “Eu
errei muito. Não fui santo, não sou vítima. Tenho de ser grato pelas
oportunidades que me dão", afirma.
Alguns fiéis da igreja onde
Romão varre, passa pano, lava banheiros, pinta paredes e faz pequenos
reparos, abandonaram o local, por não concordarem com a presença de um
detento.
O CRIME
Durante a
entrevista, Macarrão revelou que, no dia 4 de junho de 2010, acompanhado
de um primo menor de idade de Bruno, a mando do goleiro, buscou Eliza e
Bruninho, então com 3 meses, numa Range Rover em um hotel na Barra da
Tijuca, no Rio, com a desculpa de levá-la ao encontro do jogador no
treino do Flamengo. No caminho, Eliza sofreu a primeira agressão: o
menor lhe deu uma coronhada com uma pistola.
As investigações
apontam que Eliza e Bruninho ficaram dois dias na casa do goleiro no
Rio. Depois, ela foi levada para Belo Horizonte por Romão. Ele afirma
que a ideia de sequestrar Eliza partiu de Bruno eo dia marcado para
Eliza morrer foi 10 de junho, uma quinta-feira.
Romão teria que
levar Eliza a seu algoz. Ele deixou a vítima em um ponto de táxi próximo
à Toca da Raposa, centro de treinamento do Cruzeiro em Belo Horizonte.
Um homem saiu de um carro preto e tirou Eliza do EcoSport. Romão diz que
foi embora sem olhar para trás. Segundo Romão, ele não sabia quem era o
homem e não conhecia pessoalmente o Bola, ex-policial Marcos Aparecido
dos Santos, condenado por ser o executor da modelo.
Em todo o
relato, Macarrão não deu detalhes do assassinato, ao qual se refere como
“o fato”, e de como foi planejado. “Tive a minha parte e estou pagando
por ela. Outros tiveram um pedaço maior ou menor, ou só a borda, mas
cada um que fale por si.", diz ele ao comparar o crime a uma pizza
compartilhada por diversas pessoas.
“Quando se comete um crime, é
melhor perguntar pouco para saber menos ainda”, afirmou. Ele também nega
a versão do menor que afirmou ter visto uma mão de Eliza ser atirada a
cães rottweilers. “Aquilo é uma loucura".
Romão evitou mencionar os nomes dos envolvidos e se referiu a Bruno como "ex-patrão".